Instalada a meio do percurso desenhado pelo Extremo, esta obra apresenta um objeto suspenso e um monitor de vídeo. O objeto, encontrado e recontextualizado, é uma estrutura metálica que funciona simultaneamente como caixa de ressonância e sujeito da experiência. Durante um período de tempo, esse objeto foi deixado no território onde o percurso acontece, e aí submetido a uma série de processos e ações: físicas, ambientais, sonoras — construção da memória.
O objecto integra um sistema artificial de sensibilidade, percebendo e registando a sua realidade pelo seu próprio corpo. O sistema é composto por uma câmara de vídeo e um excitador mecânico (adaptado para captar vibrações, som – modulado pelas suas características físicas).
Na apresentação da instalação, as memórias são expostas, deixadas à nossa interpretação. O vídeo é apresentado num monitor e o som é reproduzido pelo próprio objeto — corpo vibrátil e superfície de escuta. Os processos e ações alimentam não só as memórias artificiais captadas, como também criam memórias físicas, modificações na matéria e arranhões e deformações que fazem parte do objecto exposto.
A instalação propõe um circuito fechado de memória material: o objeto grava, armazena e reproduz a sua própria experiência. Não se trata apenas de documentar, mas também de ativar a escuta da matéria — ouvir o mundo a partir da vibração de uma coisa. O objeto não representa; ele fala, ressoa e afeta.
20h00
Santuário da Falperra
Vozes das Pedras
Cláudia Martinho é artista sonora, arquiteta e investigadora. Interessa-se pela cocriação espacial e sonora como ferramenta e ação transformadora, para regenerar as relações entre humanos e ecossistemas.
Para o Extremo, desenvolveu uma instalação específica a um lugar, a partir de uma recolha feita ao longo de um ano, com a herança natural, geológica e humana do território.
Vozes das Pedras é uma criação que experimenta relações vivas entre as paisagens sonoras que habitam o território do Monte da Falperra e as suas múltiplas vozes que ecoam no tempo. Numa clareira de sobreiros, experimenta-se com o potencial da acústica do lugar, rodeado de grandes penedos de granito que ressoam as memórias vivas de um lugar antigo de peregrinação, das águas, e da vida que aí habita.
Nesta instalação abre-se um lugar de reunião para uma experiência de conexão profunda e participativa, de relação vibratória entre o mundo real e o mundo imaginal.
20h00
Santuário da Falperra
Sistema Sonar
O Sistema Sonar tem o seu centro gravitacional num órgão de tubos automático, controlado por um sistema interativo onde as ações dos utilizadores determinam o seu comportamento musical. A pequena capela de Santo António, poucas vezes visitável durante o ano, abre-se durante o festival Extremo para a instalação desta peça desenvolvida pelo coletivo Sonoscopia.
Este órgão de aspecto singular permite-nos comunicar entre os extremos imaginários que delimitam territórios, transcendendo assim os limites físicos e as barreiras espirituais que nos separam.
Coletivo incontornável no universo sonoro nacional, a Sonoscopia assume-se como um espaço de reflexão e criação, onde a confluência de diferentes formas de pensar e actuar é uma das suas principais forças. No contexto do festival Extremo, a Sonoscopia apresentará também a oficina “Automação musical com inteligência natural” a partir da peça Sistema Sonar.
20h00
Santuário da Falperra